segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A Beleza do Desespero

 
Eu acho o desespero um dos sentimentos mais belos que o ser humano pode desenvolver em si.
Eu me sinto realmente tocada com aquele momento verdadeiramente tenso e angustiante que emerge na pessoa, deixando qualquer máscara, modos ou eventual pensamento sem espaço dentro de uma cabeça tumultuada e ansiosa.
Fotos antigas de pessoas correndo e chorando durante guerras, mortes em massa me impressionam de uma forma muito linda e tocante, cada detalhe, cada lágrima ou feição do rosto é traduzido pra mim de um jeito único, não apenas como uma fotografia, mas sim como um momento verdadeiro e puro que ficou eternizado em um pedaço de papel,  é como se eu estivesse ali, eu sinto aquilo, absorvo.
Uma foto de uma câmara de gás de Auschwitz, onde centenas de prisioneiros de guerra eram executados de uma só vez em meia hora com um pesticida inodoro de uma forma tão torturante, onde as paredes feitas de puro cimento foram arranhadas severamente até próximo o teto pelos reclusos me transmite o desespero que foi vivido ali. Batidas, chutes e gritos de desespero das vítimas sendo ouvidos através das paredes, idosos e crianças sendo esmagados por causa do pânico geral, pessoas subindo umas nas outras tentando em vão alcançar uma saída, cravando suas unhas com todas as forças na tentativa de escalar as paredes enquanto ainda estavam conscientes.
Sufocamentos, convulsões, perda dos sentidos. Os pensamentos desesperados, as atitudes desesperadas, pessoas lembrando apenas da família e vendo sua vida sendo tirada de uma forma que elas não tenham o direito a menor reação transcende qualquer foto ou tempo, e aquele sentimento verdadeiro se torna memorável quando vistos não apenas como uma fotografia histórica.

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